sábado, 26 de setembro de 2009

O que fazer em JF?

Pois é. Existe até comunidade no Orkut com esse nome, "O que fazer em Juiz de Fora?". E a gente sabe que, de fato, tem hora que é meio díficil encontrar coisas interessantes para fazer por aqui. Se você também está cansado da "orla" (também conhecida como "circuito-fracasso") e nem pensa em pisar em lugares como Multiplace ou gastar seus reais nas noites sem-graça do Privilége, dê uma olhada nas nossas sugestões para passar o tempo em JF nos próximos dias:

Show da Matilda

A banda juizforana formada por Ju Stanzani, Bia Nascimento, Fabrícia Valle e Amanda Martins aposta em um repertório autoral e com versões para canções da "velha" e da "nova" MPB. De Chico Buarque a Monica Salmaso, um show da Matilda é sempre certeza de boa música. Nesse sábado, 26/09, elas tocam a partir das 22h no Mezcla. Já no dia 24 de outubro elas abrem o show de Maria Gadú no Cultural Bar.

ECO Performances Poéticas

Há mais de um ano as primeiras quintas-feiras do mês no Mezcla são dedicadas à poesia. O ECO traz, a cada edição, pelo menos quatro poetas de Juiz de Fora e região, que lêem seus textos de criação poética pra um público que, após o intervalo, também pode subir ao palco e participar do "Microfone aberto". A edição de outubro acontece no dia 1º, a partir das 20h e conta com a presença de Larissa Andrioli, Julio Polidoro, Lucas Soares e Daisy Aguinaga.

Lançamento do Caderno Encontrare

De dois em dois meses o Caderno Encontrare lança uma nova edição, com textos de prosa e poesia, além de ilustrações e fotografias. A 6ª edição será lançada no dia 8 de outubro, a partir das 22 horas no Café Muzik e vai ser animada pelos shows das bandas Cabra Cego e Bonança Trio e a discotecagem de Marcelo Castro (Silva Soul).

Show do Teatro Mágico

No dia 3 de outubro a banda Teatro Mágico traz para Juiz de Fora o show do disco “Segundo Ato”. A apresentação será no Cultural Bar, com abertura de Maíra Mageste e fechamento de uma das melhores bandas de JF, o Sambavesso.

Livro novo do Luiz Ruffato

Não gosta de MPB? Quer nem saber de gente lendo poesia na sua cabeça? Odeia o Muzik e mais ainda o Cultural? Então fique em casa lendo o novo livro de Luiz Ruffato, Estive em Lisboa e lembrei de você e concorde com Sérgio, o protagonista do romance, que afirma que "Juiz de Fora não conta" e é "o quintal de Cataguases". Está a venda lá na Livraria A Terceira Margem.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Seis sites sobre: Literatura de Cordel

“Preste atenção por favor
na história que vou contar
ela explica o que é cordel
grande manifestação popular.”
( Paulo Araújo )


Apresentada em formato de poesia e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilogravura, a LITERATURA DE CORDEL ganhou esse nome pois é exposta em cordões estendidos em pequenas lojas de mercados populares, feiras, praças ou até mesmo nas ruas.

Esta literatura chegou ao Brasil trazida pelos portugueses na segunda metade do século XIX e foi aos poucos tomando espaço na cultura popular, principalmente no nordeste.E, essa forma de escrever influenciou alguns escritores brasileiros, como Ariano Suassuna, Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto.

A equipe do Geleia Geral selecionou 6 sites sobre aquilo que se chamou na França, Literatura de Colportage (mascate); na Inglaterra Chapbook, ou balada; na Espanha Pilego Suelto, em Portugal, Literatura de Cordel ou folhas volantes.


1. Academia Brasileira de Literatura de Cordel
Fundada em 7 de setembro de 1988, a ABCL contou com o apoio de um político que emprestou sua sala de comitê eleitoral para o presidente, o vice e o diretor cultural. O site reúne diversos artigos sobre a literatura de cordel, um elenco de publicações e de gravuristas, notícias sobre a produção de cordel e sobre os eventos da ABCL, colunas sobre o tema e uma loja.


2. Cordel Online
O site conta com notícias, artigos sobre o cordel, imagens e links para outros sites do mesmo tema.


3. Teatro de cordel
Site de César Obeid, conta com uma grande quantidade de informações históricas e textos de cordel.


4. Portal do cordel
Além de informações históricas, traz uma agenda de eventos de literatura de cordel, uma lista de cordelistas, entrevistas e downloads.

5. Casa Rui Barbosa - Literatura de Cordel
Site da Casa Rui Barbosa sobre seu acervo de literatura de cordel, atualmente, o maior da América Latina no assunto com mais de 9.000 folhetos.

6. Twitter: Poesia de Cordel
Fãs da literatura de cordel criaram um perfil no Twitter.

domingo, 13 de setembro de 2009

Os melhores livros que (ainda) não lemos


4. O Velho e o mar - Ernest Hemingway
Não sei exatamente o que me atrai neste livro. Não me lembro onde ouvi falar dele a primeira vez, muito menos de Hemingway. Só sei que, desde que isso aconteceu, ficou na minha cabeça de uma forma absurda e preciso muito ler, primeiramente pelo livro em si, depois pelo autor.
3. Os Lusíadas - Luís de Camões
Camões é Camões, e qualquer apaixonado por Literatura Portuguesa sabe disso e não nega. No entanto, nunca li Os Lusíadas. Mereço a morte, eu sei. Talvez isso resulte da minha resistência a epopeias, talvez seja simplesmente uma questão de prioridades. Mas agora é questão de honra!
2. Todos os nomes - José Saramago
Porque, obviamente, não podia faltar Saramago. Um dos últimos romances que ainda não li do autor, ele está aqui justamente porque está me esperando, na minha mesa, pronto pra ser lido. Mas, a faculdade não deixa. Além disso, minha (maldita) mania de ler a última frase do livro fez com que eu quisesse mais ainda, fiquei curiosa e daqui a pouco já vou começar a lê-lo, mesmo com vários outros mais importantes. Porque não consigo resistir, Saramago me atrai de uma forma absurda.
1. Ulisses - James Joyce
Uma brincadeira que corre no meio acadêmico é a de se medir o nível intelectual de alguém pelo fato de ter ou não ter lido Ulisses. Me lembro da primeira vez que ouvi falar deste livro: foi num filme, e depois me deparei com ele na Biblioteca Municipal, um calhamaço de quase 1000 páginas, capa verde com uma folha dourada e uma aura envolvente. Desde aquele dia, meu sonho é ler Ulisses. Só sonho, porque na realidade não tenho tempo nem creio que vá conseguir dar conta do recado. Mas ficam a vontade e o plano de lê-lo nas férias - de dezembro a fevereiro, é a isso que vou me dedicar.

4. Fausto - Göethe
Desde que li Os sofrimentos do jovem Werther que me prometi ler Fausto. O motivo inicial devia não devia ser mais do que o autor, mas o interesse pela obra em si veio depois e ainda alimento o desejo. Uma fantasia de encontrar-me novamente com a maneira de Göethe, dramático e melancólico, embora pense que essa, consiga superar a primeira.
3. Último round - Júlio Cortázar
Na verdade, eu não tenho motivos para escolher esse entre tantos de Cortázar, que eu ainda não li, e me atiçam a curiosidade, mas deve ser algo ligado ao fato de que esse foi a estrada para conhecer o autor... é, acho que deve ser isso.
2. Anna Karenina - Tolstói
Mais pelo autor do que propriamente pela obra, e mais do que esse papo de morrer-sem-ler, acho que meu caso com esse livro é o título, acho linda essa sonoridade. O livro divide opiniões e isso me deixa muito intrigada.
1. Mulheres - Charles Bukoswki
Já comecei a ler em e-book inúmeras vezes, mas não é fácil concluir um livro dessa extensão frente do computador. Bukowski me atrai, principalmente, pela época que ocupa na literatura. Ainda não li porque me falta tempo, só isso... antes do fim do ano, eu me prometo!

4. O vermelho e o negro - Stendhal
Já perdi as contas de quantas vezes comecei a ler esse livro. Mas sempre acontece alguma coisa e sou forçada a abandonar a leitura. Quando retomo, acabo tendo de voltar ao início novamente e nunca consigo terminar. Uma vez, dando uma lida em uma comunidade do orkut chamada "Procrastinação Literária", descobri que ele é o campeão da meia-leitura. Ou seja, um monte de gente começa, mas acaba largando. Bom, um dia eu leio. Um dia.
3. Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios - Marçal Aquino
Esse é só mesmo por causa do título genial.
2. Panamérica - José Agripino de Paula
Todo mundo fala desse bendito livro. Caetano Veloso, por exemplo, tece elogios absurdos em Verdade tropical. Engraçado que eu nunca o vi em lugar nenhum, nem em livraria, nem em biblioteca.
1. Medo e delírio em Las Vegas - Hunther S. Thompson
Para não me alongar muito, vou resumir: existe uma conspiração mundial que me impede de ler esse livro. Mas eu preciso lê-lo. Preciso.

sábado, 5 de setembro de 2009

Muito além do oeste

Zumbis, tiros e metanarrativa marcam o primeiro romance de Antônio Xerxenesky


“Consciência e metaficção são sinônimos”, escreveu Daniel Galera em seu Twitter há uns dias atrás. E essa constatação do escritor paulista aponta para uma característica bastante recorrente na produção literária contemporânea. Se por um lado brotam por aí livros que nada mais apresentam do que a cópia da cópia do que já foi escrito há décadas atrás, por outro lado surgem outros que procuram escapar de caminhos já exaustivamente trilhados na literatura. E muitas dessas obras têm encontrado percurso alternativo na metaficção, se estruturando sobre seus mecanismos ficcionais e fazendo da construção do texto a própria matéria da narrativa
Mas a metanarrativa também não é aposta certa, pois essa estratégia, por si só, não garante qualidade nem originalidade. É necessário, além do bom uso da metaficção, uma boa história a ser contada. E são justamente esses dois pontos os grandes acertos de Areia nos dentes (Não Editora, 2008).
Classificar o romance de estréia do gaúcho Antônio Xerxenesky não é tarefa das mais fáceis. A primeira definição que talvez possa saltar à vista – um faroeste com zumbis – é simplista demais para descrever a empreitada assumida pelo autor. É um faroeste? Sem dúvidas. Tem zumbis? Sim. Armas, tiros, mortes? Também. Mas Areia nos dentes vai além.
Em linhas gerais, o livro conta a história da rivalidade entre os Ramirez e os Marlowes, habitantes da cidade de Mavrak, e é permeado por todo o ódio e intriga típicos de tramas sobre disputas de clãs. E, uma vez que a história é um faroeste, claro que não poderiam faltar armas, tiros, chapéus, índios, um saloon e outros clichês inerentes ao tema. Mas o tour de force do romance está na história paralela: um homem que escreve justamente sobre esse confronto entre as duas famílias, em um texto que, assumindo sua própria condição de ficção, narra não só a história dos Marlowe e dos Ramirez, mas também as etapas e dificuldades da construção dessa narrativa, desde a dúvida de como iniciar o relato, até o vírus que invade o computador do narrador-personagem. E, além da ascendência desse narrador – revelada aos poucos ao longo do livro –, há outro traço que o liga aos personagens de Mavrak: os percalços das relações entre pai e filho, que são desenvolvidos no romance em perspectivas distintas.
Os recursos gráficos utilizados por Xerxenesky também são grandes acertos no livro, especialmente no capítulo que tem a estrutura de um texto de teatro – com rubricas como “[Samuel Marlowe cospe no chão]” e “[Juan vai ao banheiro vomitar]” – e na sequência na qual uma perseguição a cavalo divide a página em duas colunas, cada uma mostrando os pensamentos de um dos personagens envolvidos.
Xerxenesky encontrou na hibridização entre o faroeste da década de 60 e a metanarrativa que caracteriza parte da literatura pós-modernista, uma ótima maneira de contar uma história sobre um pai, um filho e alguns zumbis. Estranho, não? Mas em um momento no qual surgem tantos escritores que apenas repetem fórmulas já desgastadas e os prêmios literários – salvo raras exceções – coroam os mesmos autores de sempre, um romance esquisito e corajoso como o de Xerxenesky sem dúvida chama atenção. Classificar Areia nos dentes é difícil sim. Mas lê-lo é fácil, fácil. E bastante divertido também.
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Antônio Xerxenesky é um porto-alegrense nascido no fim de 1984. Publicou o livro de contos Entre (Fumproarte/Ed. Movimento) e outras narrativas curtas em antologias e revistas. Seu conto "O desvio" (que integra a antologia Ficção de polpa, vol. 1) foi adaptado para a tevê por Fernando Mantelli em 2007. Areia nos dentes é seu primeiro romance.

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Areia nos dentes
Antônio Xerxenesky
Não Editora
144 páginas
R$ 25,00

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(quer ler um capítulo do livro? clica aqui)
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